Montinhos do Alentejo
Casas branquinhas num cabeço assentes,
uma posta aqui, outra lá distante.
A porta virada para o Sol nascente,
são ninhos serenos duma paz constante.
Patos e galinhas, um galo chinês,
dois perus vaidosos, um todo arrufado!
Três cabras serranas, um gato montês,
quatro ovelhas mansas e um burro malhado.
Um cão junto à porta preso a uma corrente,
na lareira arde a lenha de azinho.
A tia Jacinta está toda contente,
porque a burra preta teve outro burrinho.
Sobre a mesa roxa, a fotografia
dos caseiros,no dia em que se casaram,
uma velha imagem de Santa Maria
e um rosário de contas que os dedos gastaram.
A Tia Jacinta com os olhos nos netos
faz a sua meia com linha grosseira,
é que o raio dos moços são irrequietos,
os pais estão longe, é dela a canseira.
Num tosco cabide está a caçadeira,
tem lá dois cartuxos, já sem carga,
um colete gasto, roto na algibeira
e um chapéu, coçado, preto, de aba larga.
Um poial corrido com loiça de barro
um velho baú forrado de pele,
o corno do sal, uma foice, um tarro
um jarrão azul e o boião do mel.
A porta do quarto é uma cortina,
a cama é antiga de ferro pintada.
Na mala da roupa está a concertina,
que já desafina por não ser tocada.
Há duas enxadas e m enxadão,
na cabana, a um canto, junto aos animais,
os seus novos donos estão na emigração
e o Tio Zé já disse que não cava mais.
É este o retrato dos brancos montinhos
do meu Alentejo, na hora actual,
vai-se a gente nova, ficam os velhinhos
e, fica mais pobre este Portugal.
Romão Moita Mariano «a malhar em ferro quente»
terça-feira, 17 de março de 2009
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A mensagem que me chegou através do blog da Universidade, veio de encontro ao desejo que tinha de lhe pedir um maneira de conhecer a Obra de se Pai.
ResponderEliminar- A sua poesia é tão genuina, toca tão fundo no meu coração... que me enterneceu até às lágrimas.
Tenho muitas perguntas para lhe fazer
mas o espaço aqui é diminuto.
O meu endereço: lucaeiro@gmail.com
teste-o e depois continuarei esta conversa.
Até lá, cordiais saúdações da LU.