terça-feira, 16 de março de 2010

PRECE AO SOL

Mais um poema. Um soneto escrito em 1962 tal como este ano as chuvas foram muitas e o rareou nos céus doAlentejo

Que saudades eu tinha já do Sol,...
desse feiticeiro que faz os dias belos.
Que faz brotar da terra os cogumelos,
que faz cantar, à noite , o rouxinol.

Que faz esquecer em nós os pesadelos
da noite agreste, sem luz nem arrebol.
Soam de novo, nas safras, os martelos,
arados, enterram o grão e o girasol.

Sol! És um Deus que eu estou contemplando!
Repara em mim que estou p'ra ti rezando,
com fé , que a minha prece seja ouvida.

Fecunda, só com o teu amor ardente
a terra negra, o trigo, esta semente.
Que a semente do ódio seja perdida.

Romão Moita Mariano in «a malhar em ferro quente»

Sem comentários:

Enviar um comentário